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O Rico e Lázaro


"Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras." (Lucas 16.19-21)

Em um de seus livros Saint-Exupéry disse a conhecida frase, "o essencial é invisível aos olhos".

Normalmente o nosso olhar é atraído por aquilo que é belo. As coisas desagradáveis, por sua vez, são rejeitadas por nós. Andamos todos os dias pelas ruas e nos deparamos com esse tipo de situação. As roupas mais glamourosas são postas nas vitrines principais das lojas, cujos donos entendem bem do que estou falando. Eles buscam atrair olhares de pessoas que se importam como são vistas pelos outros.

Assim, muitos são envolvidos pela ilusão do olhar. O rico, como Cristo nos contou, estava vestido com o que havia de melhor nas vitrines de sua época, "se vestia de púrpura e de linho finíssimo".

O rico também estava com o seu ventre farto do que existia de melhor. Não havia necessidades que pudessem afligi-lo. No seu mundo, até onde sua visão podia alcançar, tudo era perfeito. Toda essa "perfeição" cegou o seu olhar para aquilo que estava constantemente à sua porta, o pobre Lázaro.

Como Lázaro existem muitos às nossas portas. Para estes nós muitas vezes desviamos nosso olhar, afinal, é desagradável ver mendigos, vestidos de trapos, cobertos de chagas. Isto não é posto nas vitrines. É desagradável! Como crentes no Senhor Jesus, somos encorajados a ver além da aparência.

Em vida Lázaro "desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico", no entanto, ele possuía algo invisível aos olhos de todos. Mesmo aos olhos daquele que achava que tudo possuía. Apesar do corpo flagelado pela fome e pelas úlceras, Lázaro tinha aquilo que é essencial. O rico, no entanto, possuía tudo que é agradável aos olhos e ao corpo, mas faltou-lhe o essencial, e aquilo que é passageiro cegou-lhe os olhos.

Após a morte Lázaro tornou-se o rico, e o rico tornou-se mendigo. No inferno, o rico agora deseja as migalhas do mendigo: "Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama" (Lucas 16.24).

Não sejamos como o rico. Olhemos, pois, a nossa volta, observemos as coisas além do nosso próprio umbigo. O Pai nos deu esse exemplo, sendo rico e abitando nos mais altos céus, ele se compadeceu de nós e nos amou, e nos enviou seu Filho que nos prova que "o essencial é invisível aos olhos", de tal modo que a salvação não vem por meio daquilo que é belo aos olhos dos homens, mas pelo horror da cruz.

Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Isaías 53:3-5​)

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